O que aconteceu com o futebol arte, cheio de raça e intimidador?
Já não é de hoje que o futebol brasileiro vem iludindo todo mundo. Uma vez temido quando pisava em campo, hoje não passa de um saco de pancadas e foco de risadas.
Obviamente, nenhum de nós gostaríamos de estar passando por isso, mas eu penso que alguns fatores influenciaram a derrocada da imponência brasileira em campo. E eu vou citar alguns abaixo:
1 - Muita mídia
Hoje em dia, com a graça da internet, existe a necessidade dos jogadores serem referências online; de estarem 24 horas antenado com o que acontece nas mídias sociais, ligados à movimentos sociais. Por isso a mídia é constante encima deles, seguindo cada passo. E basta uma pisada fora da faixa para que eles sejam 'queimados'.
Eu acredito que isso atrapalha no desempenho dentro de campo, pelo fato de eles acabarem sendo coibidos de extravasar. Basta comparar o futebol pré e pós 2010. A internet aproximou as pessoas de seus ídolos, mas também aprisionou a verdadeira essência de muitos.
Sem falar que, atualmente, jogadores já saem da base com um status (e um ego) gigantescos por serem joias de seus clubes, promessas para o futuro, e blá blá blá. Isso eleva o ego da pessoa a tal nível, fazendo-a se apoiar, em certa parte, no seu brilhantismo midiático.
Temos muitos exemplos e o próprio Neymar é um deles. Sempre foi gênio, muita habilidade e futebol pra dar e vender. Porém, a mídia excessiva o deixou mimado e o fez ser o "menino Neymar" por muito tempo. E quando precisar do "homem Neymar", ele não estava lá. Demorou aparecer, mas apareceu.
Exemplos do meu time, são o Lázaro, Matheus França, Adryan. Meninos que tinham muita mídia, mas não apresentaram tudo que a mídia encima deles falava. Tanto que a mídia os deixou. O único que vingou e está mostrando algo é o Vinícius Jr. Que a própria mídia, no início, rejeitava.
Mas basta compararmos, como eu disse logo acima, os jogadores pré e pós 2010. Os que tinham mídia, à tinha porque mereciam, fizeram e demonstraram por merecer. Ronaldo, Robinho, Adriano, Kaká, Ronaldinho. Promessas que a mídia que tínhamos era pela TV, e o fruto que colhemos foram de muitas vitórias.
2 - Muito visual
Nesse ponto, o título já explica tudo.
Os novos jogadores já saem da base pensando em que cor pintar o cabelo, o quem sabe descolorir; quais tatuagens fazer e a cor da chuteira que vai usar. Tudo isso para ficar bacana para aparecer no ponto citado acima. A mídia.
As mídias sociais exigem dos jogadores atuais uma boa aparência. Não basta jogar pra caramba. Tem que ser bonito, ter um cabelo da moda, uma tatuagem maneira, uma chuteira top de linha e a dancinha do momento da trend do Tiktok.
Meu saudosismo entra em campo de novo lembrando que na época do futebol brasileiro raiz, os caras mais bonitos lembrados eram Renato Gaúcho e Kaká.
Compare as duas fotos abaixo:
![]() |
Seleção brasileira 2006 |
![]() |
Seleção brasileira 2022 |
Compare com sinceridade e atenção. Enquanto em 2006 tínhamos brutamontes que amedrontavam apenas no olhar. Em que o rosto mais bonito entre eles está com semblante sério. A seleção atual é cheio de menino mirrado, todo trabalhado na harmonização, uma geração mais focada em ser metrossexual do que dar a vida pela nação.
Claro que falamos de outra época, mas se deu certo lá, porque não copiar aqui?
Quer ver mais? olha só as fotos abaixo e adivinhem quem são esses grandes craques jovens.
![]() |
Jogava demais e beleza de menos. |
![]() |
Mais preocupado em acumular marcas na história do que no corpo. |
![]() |
Primeiro jogou bola pra caramba. Depois ficou bonito. |
![]() |
Um ET em campo. Mas parecia o Loyde com cabelo comprido. |
Como citei no exemplo do Ronaldo, esses caras focaram primeiro em acumular marcas na história para depois cuidar das marcas em seu corpo.
Ronaldo, quando lançou o topete careca, já tinha ganhado prêmio de melhor do mundo e rompido o ligamento do joelho.
Ronaldinho Gaúcho não se preocupou em mudar o visual dos dentes, que são uma marca característica, para ser uma lenda do futebol. Primeiro fez seu nome, depois sua aparência.
Cristiano Ronaldo, o mais esbelto e enjoado entre eles nessa questão estética, não tem uma tatuagem no corpo. Ele afirmou que não tem para poder doar sangue com maior frequência. Mas desde os tempos de garoto sempre foi exigente com seu rendimento em campo, melhorava seu corpo fisicamente para render mais em campo. E com certeza, trocaria sua beleza construída por mais títulos na carreira.
Lionel Messi dispensa argumentos. Quando foi para o profissional, parecia um gnomo correndo atrás da bola. Teve que passar por inúmeras agulhadas para desenvolver seu corpo físico e ter mais possibilidade de se destacar entre os grandes. Só foi brincar com seu visual quando já era o melhor no que faz. Hoje, conquistou tudo que tinha que conquistar. Se tornou uma lenda entre os melhores.
Nesses exemplos, vimos que o futebol, o desempenho e as conquistas vieram primeiro. Depois focaram em brincar com o visual. O problema é que hoje em dia, primeiro se foca no visual para depois pensar em jogar futebol.
E olha que engraçado. Tudo isso para aparecer bem, sabe aonde? No nosso primeiro ponto.
3 - Muita grana
Isso é algo que sempre me incomodou. Altíssimos salários no futebol.
Não! Não sou socialista. Aliás, sou capitalista para um caralho. Mas será que um jogador de futebol realmente vale 1 bilhão de reais?
No futebol moderno, a jovem promessa de um clube já sai da base com salário de 300 mil reais por mês. Na maioria dos casos, é a renda principal da família. O filho se torna o provedor da casa de seus pais e isso chega a ser irônico.
A gente contava muita piada falando sobre essa situação:
O pai acorda 3 horas da manhã e o filho tá jogando videogame. Ele é uma estrela de um clube e tem apenas 10 anos de idade. Mas recebe um salário de 200 mil por mês.
- Filho, já são 3 horas da manhã. Vai dormir e descansar. O barulho da TV tá atrapalhando sua mãe e eu dormirmos.
- Como assim pai? você tá falando pra eu ir dormir? Quem é que paga a conta de luz dessa casa? Em? Eu vou dormir a hora que eu quiser; e se o senhor quiser, pode parar de trabalhar que eu te banco.
É claro que é uma piada. Se um guri fala assim com o pai só porque ganha mais que ele, merece uma camaçada de pau. Mas pensando bem mesmo, a grana, hoje em dia, é grande parte da autoridade de uma pessoa. Quem mais tem, manda mais. Então ...
Mas, voltando ao lado futebolístico da história, os resultados de altos salários para jogadores refletem em alguns pontos negativos, como:
- Força de vontade
- Alegria da torcida
- Gana por títulos
A mente de um jogador precisa estar muito bem trabalhada para que o dinheiro não atrapalhe no seu rendimento em campo. Mas isso sempre me incomodou.
Se um jogador ganha um absurdo, ele não vai se esforçar tanto em uma partida, porque mesmo que ele perca uma partida, um clássico ou um título, o salário gordo vai cair todo mês na conta.
Se um jogador ganha uma pilha de doletas, ele não vai pensar tanto em fazer sua torcida feliz. Eles felizes ou tristes, seu salário gordo cai todo mês.
Se um jogador sabe que tem mídia, sabe que é bonito (rico) e ganha uma grana gorda todo mês, pra que se preocupar tanto em títulos? Ele tenta de novo na próxima temporada, né?
Isso porque não falei das lesões.
É como um trabalhador concursado. Sabemos que não são todos, mas uma boa parte dos concursados não se esforçam no trabalho como deveriam porque... sabem que todo final do mês o salário vai estar lá, bonitinho, na conta.
Mas, eu acredito que sim, o alto salário interfere na raça, na ambição, na ânsia, na força de vontade em alegrar uma nação e ganhar títulos.
4 - Pouca decisão
E pra finalizar minha opinião sobre a decadência do futebol brasileiro, vamos falar sobre o poder de decisão. E isso eu coloco na conta dos técnicos.
Cada técnico tem uma forma de trabalhar. E isso se torna uma marca registrada dele pela forma de sua equipe jogar.
O Barcelona, de Pepe Guardiola, se destacou pelo Tic Tac. Aquela troca de passes rápida, enlouquecedora e envolvente que fez o Messi se destacar bastante durante o comando do técnico.
Alguns técnicos optam por um futebol mais correria, outros por pontas abertos, e etc.
Mas o que me dá enjoo de ver é aquele futebol que não tem chute no gol. Lindos gols da história foram feitos graças aos chutes de longe. O primeiro Puskas, do Cristiano Ronaldo, foi um tirambaço quase do meio do campo.
Um chute de longe serve pra várias coisas: testar o goleiro, levantar a torcida, castigar o goleiro, entre outras. E isso, aplicando ao nosso tema de seleção brasileira, deixou muito a desejar na estratégia do Tite.
O Tite mostrou um futebol medíocre nesse quesito. Um sistema de jogo inofensivo, de muito toque pra trás, sem velocidade (porque não me lembro de ter explorado a velocidade do Vini Jr.) e um sistema que não explorou os bons chutes de fora da área do Casemiro, Thiago Silva, Neymar, e cia.
Se você tem jogadores que chutam bem e jogadores rápidos, peça para que seu time chute mais e para que os rápidos acompanhem os rebotes. Mas o que foi visto foi um time retraído, sem agressão, de passes lentos e sem decisão.
E você deve estar pensando: "Mas os jogadores não chutaram porque não quiseram". Aí eu vou mandar você tomar naquele lugar, porque no mínimo você não entende nada de futebol.
Num campeonato, o jogador está sob uma estratégia do seu técnico. Se ele não cumpre a estratégia do comandante, ele é substituído. Então, SIM! Está na conta do Tite todas as derrotas.
E dane-se se ele fez 79 jogos, com 59 vitórias, 14 empates e apenas 6 derrotas. Foram 6 anos à frente da seleção brasileira e apenas 1 Copa América. Se você tem vários campeonatos e não ganha títulos, o problema é você sim. Se você ganha todos os amistosos e perde no vamo-ver, seu trabalho foi uma merda sim.
E finalizo por aqui a minha opinião, mesmo sabendo que ninguém vai ler.
Mas caso algum enviado de Deus ler até o final, comente aí o que você acha. Vai ser meu presente de natal ler o seu comentário.